quinta-feira, 28 de maio de 2009

Catadores de material reciclável reclamam que trabalham mais e recebem menos

A crise econômica mundial, que afetou a maioria dos setores produtivos, atingiu também a reciclagem de resíduos sólidos no país. O preço do plástico das garrafas PET, das latinhas de cerveja e refrigerante encontradas no chão ou do papelão que servirá para novas embalagens caiu junto com o valor fixado no mercado internacional para as commodities como derivados de petróleo, alumínio e celulose.
“Nós vemos uma redução da demanda desse material todo por causa da redução de consumo”, explica Izabel Zaneti, professora do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília (UnB). “O petróleo caiu de US$ 160 para US$ 40 o barril, é lógico que isso reduziu o preço do plástico que é extraído do petróleo”, acrescenta.

A redução da demanda e do preço do resíduo sólido é sentida especialmente no elo mais fraco da cadeia produtiva da reciclagem. Catadores de materiais reclamam no país inteiro da queda dos ganhos, do aumento de serviço e da prorrogação da jornada de trabalho. “Eles não estão excluídos, eles estão mal incluídos nessa cadeia produtiva e sempre vão ter a parte pior da exploração”.


Sandra Regina Caselta, tesoureira da Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro, de Interlagos em São Paulo, confirma o diagnóstico da professora, mas acrescenta que há especulação de preço e exploração no mercado. “Os compradores [de resíduos sólidos] sabem que as cooperativas precisam vender o material para ter capital de giro para as despesas mensais”, lembra.


O que está acontecendo é uma exploração dos intermediários que compram volumes menores de pequenas cooperativas ou de catadores independentes, para ainda pagar mais barato, explorando em nome de uma crise”, acusa Sônia Maria da Silva, diretora-presidente da cooperativa 100 Dimensão, que funciona há dez anos no Riacho Fundo, uma das regiões administrativas do Distrito Federal. “Na verdade, a crise nem chegou como deveria chegar aqui. Está havendo uma rede de exploração ao menor, ao miserável”, lamenta.

João Alexandre do Carmo, catador há 14 anos no Lixão da Estrutural, que abriga a maior parte dos resíduos produzidos na capital federal e nas cidades satélites do DF, também reclama dos atravessadores. “O comprador faz lá um contrato e chega aqui com outra conversa”, resume.

O pequeno atravessador Ed Paulo Leonaldo Gomes, ex-catador e que hoje comercializa o material reciclável da Estrutural em Brasília, exportando os resíduos beneficiados para outros estados, confirma que a remuneração de quem compra dos catadores e trata o material para revender é bem melhor, mas diz que também sentiu os efeitos da crise.Segundo ele, sua renda (que já chegou a ser de R$ 6 mil) caiu para menos da metade, e ele teve de demitir quatro empregados em um grupo de 18 pessoas. Ed Paulo diz que a crise não afetou sua produção de 90 toneladas de material reciclável por mês, mas o valor que recebia.

A pesquisadora Valéria Gentil, da UnB, explica que em Brasília há um afunilamento da comercialização de resíduos sólidos. No ápice da pirâmide, há uma única grande empresa intermediária que exporta a maior quantidade. No meio, estão os atravessadores com capacidade diferente de beneficiamento e estocagem de material.

Segundo verificou em sua dissertação de mestrado defendida no ano passado, o intermediário e os atravessadores que estão no alto da pirâmide cartelizam o setor e estabelecem preços para toda a cadeia produtiva, fixando em valores baixos o preço pago aos catadores que estão na base da pirâmide.

Seja por causa da queda dos preços no mercado internacional, formação de cartel ou exploração direta de atravessadores, o fato é que os catadores de resíduos sólidos afirmam que estão trabalhando muito mais e recebendo bem menos.

A catadora Lúcia Fernandes do Nascimento, há oito anos no mesmo lixão, afirma que para receber o mesmo que ganhava antes de outubro do ano passado (cerca de R$ 50 ao dia) chega a estender sua jornada de trabalho das 6h até as 20h. “A gente cata porque tem que sobreviver”, afirma.

Joel Carneiro da Silva, marido de Lúcia Fernandes e catador há 18 anos, confirma que “essa é a pior crise que passou” e calcula que na cooperativa à qual pertence (Cooperativa de Material Reciclável da Cidade Estrutural) o ganho dos sócios caiu 60%. Auxiliadora Souza, desde 1991 no Lixão da Estrutural, reclama que recebe R$ 120 por oito enormes fardos de plásticos (chamados de bags pelos catadores), quando já chegou a receber R$ 300 em melhores dias.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lula assina cooperação com a Arábia Saudita na área de tratamento e reciclagem de lixo


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na noite do último sábado, em Riad, novos acordos com o rei da Arábia Saudita, Abdullah Bin Abdulaziz Al Saud, que abrangem “todos os setores econômicos”. Os acordos foram assinados a portas fechadas no Palácio Real, residência do rei, e abrem a possibilidade de amplos investimentos mútuos nos próximos anos. Segundo o Itamaraty, os acordos incluem o desenvolvimento científico, tecnológico, hídrico, elétrico e de infra-estrutura, o que abriria caminho para empresas brasileiras e pessoas físicas interessadas em entrar em projetos bilionários que a Arábia Saudita planeja em seu território. A Arábia Saudita é o maior parceiro comercial do Brasil na região. Brasil e Arábia Saudita também assinaram acordos de cooperação em áreas de infra-estrutura para o desenvolvimento de ferrovias, transportes, aviação, construção de estradas, telecomunicações, energia e tratamento e reciclagem de lixo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Pesquisa mostra que reciclagem emprega crianças

As empresas de reciclagem são as maiores empregadoras de mão de obra infantil, diz um estudo encomendado pela Fundação Telefônica, com 5,6 mil crianças e adolescentes de 17 municípios paulistas - a capital foi excluída. Entre eles, 3,7 mil disseram ter algum tipo de trabalho, dos quais 70,8% nas ruas e/ou semáforos, entre malabares, flanelinhas e vendedores. A maioria (77,9%), porém, passa dias e noites catando lixo, uma das piores formas de trabalho infantil. Desses, 56,5% têm entre 5 e 9 anos. Já era previsto que o trabalho infantil fosse apontado pelo levantamento, mas os pesquisadores não esperavam índice tão alto: 67%. A legislação brasileira proíbe o trabalho a menores de 14 anos. Jovem entre 14 e 16 anos pode trabalhar como aprendiz; entre 16 e 18 anos o trabalho é permitido, mas são vetadas atividades insalubres e degradantes. Revirar o lixo nas ruas está entre elas.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Coleta seletiva aumenta 35,6% em Santo André


A prefeitura de Santo André, por meio do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental registrou um aumento de 35,6% entre março de 2008 e 2009 na quantidade de recicláveis coletados. No primeiro trimestre deste ano, houve um aumento de 13% com relação ao mesmo período de 2008. Enquanto em 2008 foram recolhidas 1,4 mil toneladas de resíduos recicláveis, como papel, vidro, plástico e metal, o montante chegou a 1,6 mil toneladas em 2009. Os números foram alcançados com a soma do total recolhido na coleta seletiva de resíduos secos porta-a-porta, feita em dias pré-determinados. Em janeiro deste ano, a coleta em residências somou 478 toneladas, enquanto as estações responderam por 104,5 toneladas. Em fevereiro, o volume somou respectivamente 409,5 e 62,3 toneladas. Já em março, a coleta porta a porta recolheu 475,8 toneladas e as estações, 96,2. O mês de março foi o que apresentou o crescimento mais expressivo do trimestre. No ano passado, durante o mesmo período, foram recolhidas 350,7 toneladas de resíduos secos na coleta porta-a-porta. Neste ano, a população participou ainda mais, separando 475 toneladas, o que gerou um aumento de 35,6%. Nos três primeiros meses deste ano, 315 toneladas de materiais deixaram de ser enviadas ao aterro.

domingo, 10 de maio de 2009

3er Congresso Interamericano de Resíduos Solidos de AIDIS

Nos dias 6, 7 e 8 de maio estive participando do 3º Congresso Interamericano de Resíduos Sólidos da AIDIS - Associação Interamericana de Engenharia Ambiental e Sanitária em Buenos Aires, Argentina.
Neste evento estiveram participando 32 países das Américas e Caribe, onde foram debatidos os problemas, soluções técnicas e as alternativas para o problema causado pelo "LIXO", os resíduos sólidos.

No dia 6 foi a abertura e o início dos trabalhos dentro dos grupos - Reunião Interamericana de Autoridades em máteria de Resíduos Sólidos da América Latina e Reunião dos Centros de Investigações e Universidades. Fomos divididos em grupos dentro de cada reunião para debatermos alguns pontos de grande importância para esta área.



No dia 7 foi minha apresentação "PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA CIDADES DE MÉDIO PORTE DA AMÉRICA LATINA", foi um bom momento com uma boa e grande participação da comunidade do congresso, fiquei aproximadamente 50 minutos expondo e respondendo perguntas. Ao final da minha apresentação, foi aceita a minha proposta e incluída no relátorio final do congresso. Ficando criado um grupo de trabalho/estudo para debatermos este assunto e encontrar uma saída para este problema.

No dia 8 tivemos várias atividades e reuniões, fui convidado para participar do debate que teve como tema: Reciclagem e Comunidade; com as participações de membros do MIDES do Uruguay, da PepsciCO, MMA do Paraguay e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Fiz uma breve apresentação ao representante do BID, de um projeto envolvendo inclusão social, reciclagem e meio ambiente, o resultado foi positivo e o projeto deve ser estudado e sugerido para os países da América Latina e Caribe, principalmente por oportunizar desenvolvimento sustentável e crescimento social/económico.

A importância de congressos que desenvolvam estes tipos de assuntos são de grande importância para o desenvolvimento sustentável de um mundo que cresce de forma desordenada. Durante o congresso, representantes dos 32 países da América Latina e Caribe mostrarem-se dispostos a desenvolver políticas no sentido de minimizar os problemas ambientais e possibilitar um meio ambiente de qualidade para as gerações futuras.